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Ab Urbe Condita
O espetáculo Ab Urbe Condita foi criado a partir de uma performance de mesmo nome apresentada no final de 2015 no festival de artes integradas 'BREU', organizado pelo SESC Rio Preto e no ano seguinte foi selecionado para participar do Programa de Qualificação em Artes da Secretaria de Estado da Cultura (Projeto Ademar Guerra), cuja orientadora, Juliana Calligaris de Campinas/SP (Cia. Trilhas das Artes), trouxe a técnica 'RasaBoxes' como metodologia de criação, para o espetáculo e para a companhia, culminando na estreia do mesmo em março de 2017 dentro do programa 'Área de Risco' do SESC Rio Preto.
A pesquisa da obra se afirma dentro do teatro experimental e sua temática discute a banalidade da maldade na cidade dentro de um clima totalmente noir num futuro distópico, já a encenação busca metaforizar a urbe:
• Trazendo um ambiente extremamente gelado;
• Dentro de uma escuridão completa da sala fechada que basicamente só é iluminada pelas luzes de lanternas entregues a plateia;
• Com a distribuição de giz e o incentivo à “pichação” das paredes;
• Com o cenário composto por 4 andaimes remetendo a eterna construção urbana;
• Com estrutura dramatúrgica que traz personas espectrais com olhos doentios de cores bizarras;
• Com o desconforto da plateia que tem que assistir ao espetáculo em pé, no meio da encenação e com uma sala superlotada.
O estudo teórico foi inicialmente calcado no trabalho da filósofa Hannah Arendt (1906-1975) que cunhou a expressão 'banalidade do mal' em sua obra 'Eichmman em Jerusalém: um relato sobre a banalidade do mal', sendo esta o resultado do relato sobre o processo e o julgamento de Adolf Eichmann, um dos principais organizadores do holocausto, realizado em Jerusalém em 1961. A partir daí, sentimo-nos provocados a ampliar e aprimorar a dramaturgia para incorporar mais detalhadamente a questão metafísica da 'existência do homem sobre a terra/seus desígnios' e a obra de Fiódor Dostoiévski foi o degrau seguinte na edificação do espetáculo, por fim, avançamos com a pesquisa e fizemos a ponte entre estes estudos e a obra de Umberto Eco sobre o Ur-Fascismo, que ele também chama de 'fascismo eterno'.
Sendo assim a Cia. Apocalíptica apresentará um espetáculo de teatro experimental (incomum para a cidade de São José do Rio Preto) e totalmente imersivo, onde a plateia não pode se dar ao luxo da simples contemplação, pois cumpre uma função tal qual fazem os atores, e ainda compõe com o elenco uma importante reflexão político-social da vida contemporânea.